Erradicação do sarampo e da rubéola no Brasil deve ser comprovada em dezembro
Reunião realizada em Brasília nos dias 20 e 21 de setembro avaliou e atualizou os dados e estratégias adotadas para comprovação da não-circulação dos vírus causadores do sarampo, rubéola e síndrome da rubéola congênita em todo o território nacional. O objetivo é apresentar até dezembro de 2011 a atualização do relatório ao Comitê Internacional da Organização Mundial de Saúde (OMS) com as evidências complementares da eliminação dessas doenças no Brasil. Desde janeiro de 2009 o país não registra novos casos da rubéola e desde 2000 não existe circulação autóctone do sarampo, ou seja, os únicos casos são importados de outros países.
Participaram da reunião representantes da Secretaria de Vigilância em Saúde, da Fundação Oswaldo Cruz, da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e da Comissão Nacional de Certificação da Eliminação do Sarampo e Eliminação da Rubéola e da Síndrome da Rubéola Congênita, essa Comissão formada por experts brasileiros é externa ao Ministério da Saúde e é responsável pela validação da documentação apresentada pelo Ministério da Saúde para comprovação da eliminação dessas enfermidades. Ao final do encontro foram feitos os encaminhamentos para a finalização do relatório e a próxima reunião do grupo foi agendada para 25 e 26 de outubro.
A primeira doença a ser erradicada no mundo foi a varíola, há mais de 30 anos. O continente americano recebeu a certificação de área livre de circulação autótocne do poliovírus selvagem dos seus territórios em 1994. Em 2003, todos os países da América assinaram um acordo com a Opas, representante da OMS na América, para eliminar o sarampo, a rubéola e a síndrome da rubéola congênita. Um primeiro relatório foi entregue em setembro de 2010 reunindo a história da epidemiologia dessas doenças e seu controle até a eliminação da circulação dos vírus autóctones no Brasil.
A coordenadora substituta da Coordenação-Geral de Doenças Transmissíveis (CGDT), Marcia Carvalho, enfatiza que a preocupação agora é manter a vigilância em alerta para a detecção de casos suspeitos. “Interessa-nos detectar e investigar todos os casos suspeitos e principalmente se houver história de viagem à países com circulação do vírus selvagem”, afirma Marcia.
As dificuldades de erradicar uma doença em um país de dimensões continentais como o Brasil são enormes. “Os esforços para eliminá-las foram muito maiores no Brasil, por questões práticas. O país foi o líder ao vacinar o maior número de pessoas das Américas”, comenta Brendan Flannery, consultor da Opas. Para ele, os últimos casos registrados decorrentes da importação do vírus é o sinal que a vigilância em saúde funciona e o Brasil tem como comprovar a não-circulação das doenças.